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Entrevista The Sinks

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quinta-feira, 9 de agosto de 2007

José, por Carlos Drummond de Andrade

POESIA & LITERATURA
INTERVENÇÃO ELETRÔNICA

Mineiro de Itabira do Mato Dentro, o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) recita JOSÉ em versão turbinada pela [:]rÁudio.visual.

Essa intervenção inspirada eletrônica é um exemplo perfeito do conceito de compartilhamento dos direitos autorais pelo Creative Commons.

. Co-autores:
:: Carlos Drummond de Andrade (letra)
:: Fa'sGroove (música)

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José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

[:]
. Fonte áudio original: www.memoriaviva.com.br
. Biografia Drummond: www.releituras.com