Fotos: Sueli de Souza
22/08/2007

“Hoje a música brasileira é nordestina’’. Essa afirmação nada modesta e realista de Ivan Ferraro, coordenador da Feira da Música de Fortaleza, sintetiza a sensação que tomou conta dos músicos, produtores, jornalistas e empresários que circularam pela sexta edição do evento na capital cearense. Realizada entre os dias 15 e 18 de agosto, a Feira reuniu uma turma interessante e interessada tanto em divulgar como em conhecer as novidades que emergem do chamado mercado independente.
O epicentro da movimentação teve como endereço o Centro de Negócios do Sebrae, local onde estavam montados estandes de selos e pequenas gravadoras, fabricantes de instrumentos, de artistas em busca de maior visibilidade, eventos e projetos ligados à cadeia produtiva da música e espaços institucionais como o do próprio Sebrae (principal parceiro da Feira) e da Fundação José Augusto - que também marcou presença com exposição de CDs e DVDs de artistas potiguares.

No mesmo lugar ainda aconteceram as Rodadas de Negócios - momento precioso onde artistas e produtores ficam frente a frente com potenciais investidores -, palestras, oficinas e um grande feirão de livros e discos usados (e raros!).
Apesar da magnitude da proposta, alguns detalhes na programação de palestra e oficinas precisam de ajustes para melhor aproveitamento por parte do público: desencontros nos horários e o tempo extenso (4 horas seguidas) reservado às palestras não eram nem um pouco convidativos, fatos que deixaram o auditório praticamente às moscas durante debates interessantíssimos como a relação entre o repente e o hip hop.
Outro detalhe que merece maior atenção dos organizadores e dos empresários nas próximas edições é a feira de produtos: bateria (+ percussão), baixo e guitarra estavam bem representados, inclusive pelos potiguares com os instrumentos da DeOliveira Bass (baixo) e a JCP Percussion (bateria), mas o segmento eletrônico (o que mais cresce nesses tempos de globalização tecnológica) não deu as caras. Produtores musicais e DJs sentiram falta de estandes com equipamentos e novidades do setor.
Porém o principal objetivo foi alcançado: eventos como a Feira da Música são terrenos mais que férteis para o estabelecimento de novos contatos que estreitam os laços e promovem maior interação entre músicos e produtores de diversos Estados - fator primordial para fazer a roda do mercado independente de música girar.
SHOWS

Distribuídos por cinco palcos montados em diferentes pontos de Fortaleza, mais de 80 atrações fizeram a festa (de graça!) do público que acompanhou de perto as apresentações. Os três principais pólos ficaram estrategicamente posicionados nos arredores do Centro Cultural Dragão do Mar, Praia de Iracema, onde alguns nomes merecem destaque como o eletro-glam-rock da banda Montage, a irreverência da trupe Dona Zefinha, o rock progressivo e alienígena do Fóssil e a poesia d’O Quarto das Cinzas (todas de Ceará).
De Pernambuco, as bandas Rivotril e Zé Cafofinho e Suas Correntes, e a cantora Mônica Feijó foram os principais nomes. Loop B de São Paulo, Falcatrua (MG), Radiola (BA) e os argentinos do Velenio Funk são outros que merecem atenção.
E os potiguares? Sem bairrismos, mas os comedores de camarão protagonizaram os melhores shows do evento - sobretudo a banda Rosa de Pedra, que lançou oficialmente seu primeiro CD homônimo. Os baixistas Sérgio Groove e Jr. Primata fizeram um duo pra ninguém botar defeito, enquanto Eduardo Taufic, o grupo Retrovisor e NêguEdmundo deixaram suas marcas na programação. Mirabô Dantas também lançou durante a feira o seu CD Mares Potiguares.
Ainda circularam pela Feira da Música de Fortaleza os papa-jerimuns da revista on-line Ráudio.visual, do fanzine Lado [R] e do selo Coletivo Records.
A realização da Feira da Música de Fortaleza é da ProDisc (Associação dos Produtores de Discos do Ceará) em parceria com o Sebrae CE, com promoção da Prefeitura de Fortaleza, mais apoio cultural do Fundo Nacional de Cultura, Governo do CE, do Sesc CE e da Coelce (Companhia Energética do CE). Os patrocinadores são o Banco do Nordeste e BNDES através da lei Rouanet e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
* Yuno Silva [a.k.a .TXT.]
Especial para o Diário de Natal
. o jornalista viajou a convite da Agência Cultural Sebrae RN